Conheça um pouco da História da Santa Casa
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Muzambinho
A história da Santa Casa de Muzambinho teve o seu início no dia 7 de junho de 1914, numa reunião realizada no salão nobre do Fórum, ao meio dia, com a presença de 56 cidadãos da cidade.
Reunidos o Cel. Francisco Navarro de Morais Salles, usando da palavra, propôs que fosse aclamado presidente da reunião o Cel. João Januário de Magalhães, proposta que, acolhida com aplausos foi aprovada por todos os presentes. O Cel. João Januário de Magalhães, agradeceu a alta prova de confiança e consideração que lhe era dispensada, assumindo a mesa presidencial e convidou para escreventes os Coronéis Francisco Navarro e Valério Lacerda.
Composta a mesa, o Senhor presidente declarou instalada a reunião popular cujos fins não precisavam expor, uma vez que, da circular dirigida ao povo por ilustres cidadãos da boa terra, estes foram narrados com muita precisão e clareza. Fazendo uso da palavra, o Cel. Francisco Navarro, sugeriu que fosse constituída uma comissão central e uma comissão técnica com plenos poderes, propondo para compor a comissão central os seguintes cidadãos:
Dr. Fernando Avelino Correia — Dr. Lycurgo Leite — Dr. Ernani Domingues — Cônego Antônio Camila Esaú dos Santos – Cônego Saturnino de Paula Conceição — Dr. Salatiel Ramos de Almeida — Capitão José Luís de Figueiredo Jr. – Capitão Matias Américo da Silva — Capitão Guilherme Cabral — Cel. Augusto Luz e Cel. Aristides Cecílio de Assis Coimbra, e para comissão técnica os cidadãos: Dr: J. Tocvilli de Carvalho — Dr. Camilo Cecílio de Assis Coimbra e Francisco Navarro de Morais Salles.
O Senhor Presidente, em seguida submeteu à consideração da casa a proposta do Secretário Navarro, a qual foi unanimemente aprovada, pelo que, o Senhor Presidente declarou membros das respectivas comissões os nomes dos cidadãos propostos. O Senhor Presidente, referindo-se ao esmerado patriotismo dos cidadãos do município, cujo respeito à caridade exalçou, disse que, em breve esta cidade realizará a grande e humanitária idéia que deu lugar a esta reunião, que declarava encerrada. “E, eu, Francisco Navarro de Morais Salles, a escrevi e assino”


Como os Irmãos puderam ouvir, esta é na integra a 1º Ata da reunião popular, na qual foram constituídas as comissões com a responsabilidade de levar adiante a idéia, de lançar a semente da entidade, cuja germinação foi longa, durando sete anos, pois somente no dia 24 de junho de 1921, tornou-se possível o lançamento da pedra fundamental, com a presença da população, das autoridades e do Bispo Diocesano, D. Ranulfo de Faria que viesse abençoar o lançamento da pedra que hoje se encontra no jardim da Santa Casa. Coube ao engenheiro, Dr. Joaquim Amaral Gourgel, da cidade de Botucatu, SP, o projeto da obra e a Francisco Leonardo Cerávolo a execução dos serviços.
Para início da construção, vale registrar importantes doações da época: Capitão Matias Silva — todo terreno da Santa Casa, Cel. João Januário — quatro contos de reis, Presidente do Estado de Minas Gerais, Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade — cinco contos de reis, Cel. José Martins de Oliveira — dois contos de reis, Cel. Jorge Vieira — dois contos de reis, além de outras dezenas de doações de menor valor.
Concluída a construção, o Sr. Pedro Nicóla, da cidade de Mocóca, SP, proprietário da Empresa Nacional de Eletricidade, se prontificou e fez toda a instalação elétrica do prédio, e cedeu a energia consumida gratuitamente, por um período de 33 anos que se findou em 1959. Na época a energia elétrica que servia a cidade era gerada pela Usina Santa Nair em Monte Alverne. A Santa Casa Inaugurada com grandes festejos no dia 28 de março de 1926, teve como 1” diretoria os seguintes cidadãos: Provedor, Dr. Lycurgo Leite — Vice Provedor, Matias da Silva — 1º tesoureiro, Guilherme Cabral, – 2º tesoureiro, Manuel Cardoso de Oliveira — 1º Secretário, Benjamim Rondinelli — 2º secretário, Dr. Armando Coimbra — Ecônomo Vicente Silvio Cerávolo — Procurador, José Poli e Diretor Clínico, Dr. Joaquim Bernardes da Silva Costa, o Dr. Tim. No dia seguinte ao da inauguração foi internado o 1º paciente, o menor Antônio Tardelli, de 12 anos de idade, branco, da cidade, filho de José Adolfo Tardelli, acometido de Ostiomielite, na qual foi aplicada a técnica de Trepanação, pelos médicos, Dr. Domingos Leonardo Cerávolo e Dr. Joaquim Bernardes da Silva Costa.
Do Estatuto original não temos conhecimento, no entanto, no dia 6 de janeiro de 1929, foi realizada uma A.G. com finalidade de alterar os Estatutos sob a responsabilidade dos senhores do Dr. José Januário de Magalhães, Dr. Joaquim Bernardes, Dr. Salatiel de Almeida e Manuel Cabral. Esta alteração está devidamente registrada em livro próprio da Santa Casa, em que consta Art 1º — Fica instituída nesta cidade de Muzambinho, onde terá a sua sede e Foro Jurídico, uma associação de caridade com denominação de: IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MUZAMBINHO. sob a invocação de São Geraldo, podendo fazer parte dela qualquer cidadão, não importando a nacionalidade, a cor, a idade, o sexo ou a crença religiosa, sob a denominação de IRMÃOS. Anuidade do ano de 1929 = 60 Mil Reis.
Na reunião do dia 1º de janeiro de 1930, por determinação da Assembléia, foi consignado ao Capitão Matias Silva, o diploma de Irmão fundador e Benemérito, pela doação do terreno e pela doação da mesa e todo o instrumental da sala de cirurgia, devendo o seu retrato a Crayon ser colocado na sala de visitas da Santa Casa, onde permanece até hoje. Na década dos anos 30, a Santa Casa passou por dificuldades, notadamente no ano 1932, período revolucionário, em que a Santa Casa se transformou em hospital de sangue por ter que atender os soldados dos batalhões e os voluntários patriotas em grande número. No entanto, jamais deixou de cumprir e seu dever junto à população do município.
Na AG. do dia 20 de Janeiro de 1933, pode-se notar nas entrelinhas da Ata, que o Dr. Lycurgo, Guilherme Cabral e demais companheiros, estavam cansados e se expressam, “Seja-nos permitido dizer com toda a franqueza e lealdade que o povo de Muzambinho não tem concorrido como é de seu dever para a manutenção deste hospital, e que a maior parte da população só se lembra da Santa Casa quando dela precisa”. Que o Muzambinhense devia reconhecer que a esmola deve ser dada com espontaneidade, e que a diretoria deveria ser poupada de mendigar de casa em casa, de pessoa em pessoa, um óbolo para os infelizes que nela se abrigam. Como neste mundo tudo cansa a atual diretoria, não pede, mas exige a sua demissão por não ver o seu trabalho correspondido pelo povo da cidade.
Ontem foi o prefeito que deixou o cargo, hoje é o provedor da Santa Casa que pede demissão, e não tem outra ocupação a fazer, a não ser arranjar as malas, por entender que a sua missão a frente da Santa Casa esta terminada. “Amanhã será o diretor político que passará a outrem as insígnias do comando”. O provedor seguinte foi o Cap. Heliodoro Mariano. No ano de 1936 , falecia o Dr. Lycurgo Leite, e na Assembléia Geral o irmão Moacir Bueno, solicitou que se consignasse em Ata um voto de profundo pesar pela perda do Dr. Lycurgo Leite, alma mater. desta Pia instituição, da qual foi irmão fundador, benemérito e provedor por vários anos.

Nos anos 1935/36 o provedor foi Frei Florentino Brolman, que veio a falecer no ano de 1937, e o irmão Salatiel de Almeida, Propôs na A.G. que num pleito de justa homenagem ao Frei, seu retrato fosse colocado na capela da Santa Casa. Nos anos 40 além de diversos auxílios recebidos, consta também, uma verba do Presidente Getúlio Vargas no valor de seis Contos de Reis. Teve início a construção do pavilhão cirúrgico. Consta a entrada das irmãs do sagrado Coração de Jesus, que por diversas vezes mereceram votos de reconhecimento pelo trabalho em favor dos doentes, aos quais ministravam também, o conforto espiritual em Cristo Jesus. Neste ano foi também comprado um moderno laboratório para pesquisas e análises clínicas.
No final da década de 40 e início da de 50 a obra principal foi à construção da nova maternidade, que só se tornou realidade graças ao trabalho da Dep. Lycurgo Leite Filho, que trazia do Ministério da Saúde os recursos necessários cabendo a Francisco Cerávolo a execução dos serviços. A maternidade foi inaugurada no dia 29 de maio de 1955, recebendo o nome de Orminda Pinheiro Leite. Nos anos 70 a Santa Casa atendeu o antigo FUNRURAL que além de pagar muito pouco sempre atrasava seus pagamentos trazendo grandes problemas a Diretoria e muito prejuízo à Santa Casa. Nesta mesma época se iniciaram efetivamente as reformas do prédio da Santa Casa:
1- As escadas frontais do prédio que conduziam os pacientes carregados foram substituídas por uma espaçosa rampa que terminava na antiga capela.
2- Os antigos porões do andar térreo foram sendo utilizados como depósito de materiais velhos, e desaterrados foram utilizados pelo atual P.S, farmácia, dependência de RX, secretaria, recepção do Santa Casa Saúde, administração, biblioteca, contabilidade, tesouraria, recepção principal, banco de sangue, laboratório de análises clínicas vestiários feminino e masculino e atual Enfermaria de pediatria.


Nos anos 80, os trabalhos continuaram e com subvenção de 20 milhões conseguidas pelo Dep. Neif Jabur, foi trocada toda a cobertura do prédio, colocadas lajes de forro e lajes de piso, foi reformado o berçário, e centro cirúrgico com mais uma sala e apto para o médico plantonista. Com auxílio de um urbanista Chileno que fez um esbouço da parte frontal do hospital, foi demolido o velho muro, feito o devido desaterro que se transformou no que esta hoje: A Santa Casa com visual mais acolhedor. Nos anos 90, com as reformas externas continuaram, foi colocada uma caixa d’água com capacidade para 33 mil litros, tipo cálice, foi demolida o antigo necrotério, o centro cirúrgico passou por novas reformas, e a mais importante foi realizada com subvenções dos Deputados Dr. Osmânio Pereira Oliveira Dr. Neif Jabur devidamente aplicada na ampliação e aproveitando os espaços já existentes para se instalar o novo centro obstétrico, com salas de pré-parto, parto, pós parto, vestiário para os médicos sala de limpeza e esterilização de materiais cirúrgicos e capela. Com apoio dos Muzambinhenses, implantou-se o Plano Santa Casa Saúde, com aproximadamente 2 mil associados, já devidamente regulamentado junto ao Ministério da Saúde, plano este, que veio em boa hora, pois, na verdade tem sido até agora o ponto de apoio da diretoria em matéria de finanças. Haja visto, que a ala nova que será inaugurada após esta assembléia, só se tornou realidade graças aos recursos da subvenção no valor de R$ 25.000,00 do Dep. Marco Regis e o restante com recursos do Santa Casa — Saúde.
Nesta breve exposição, os irmãos puderam conhecer um pouco mais da história da Santa Casa, que atravessou períodos dificeis, quando sobrevivia através de doações, listas e quermesses. Ainda temos guardado o Gamelão em que se jogava o Buso nas quermesses. Os tempos mudaram, os homens também, mas a Santa Casa permaneceu e permanecerá. Sem citar nomes, pois, são muitos, posso afirmar com toda a certeza, os irmãos que por aqui passaram deixando marcas profundas, vestindo de fato a camisa da Santa Casa e dando o melhor de Si para as gerações futuras. Creio que foi um privilégio para todos nós não só passar de ano, de século e mesmo adentrar num novo milênio, tendo a possibilidade de ceder um pequeno espaço do nosso tempo em favor das causas justas e nobres. Desde Agora a Diretoria pode afirmar como tantas vezes fez que está aberta ao diálogo, e com a maior disposição, respeitosamente e ética, somarmos esforços junto às autoridades constituídas da cidade, para que a nossa Muzambinho seja a melhor cidade para se viver.
Homenageando, com muita gratidão, todos que por aqui passaram, pede permissão para citar o que está escrito entre outras coisas, na abertura do livro de Ouro da fundação.
“Como os indivíduos as cidades também tem seu coração, e o coração de Muzambinho é esta Santa Casa.”
IRMÃOS, VAMOS TODOS JUNTOS TRABALHAR EM
FAVOR DESTE CORAÇÃO QUE SEM DÚVIDA É UM LEGADO
PARA NOSSA CIDADE.